7.8.16

Close, but not here

we're in a crowded room
and it feels like we're suffocating from all the heat
coming through unknown breaths

they deprive us of our everlasting need
while the space between us spreads and hurts 
our coyest body parts

I long for you
I always do
and you know I get silly 
when we only make-believe 

because deep inside there's something missing
and I sometimes forget how much it aches
even if it seems impossible with all these voices around me

they can't erase the thought of your lips 
pressed on my freshly-washed hair
unexpectedly

the image of your arm around my waist 
holding me tight 
so I won't ever fall apart

nor even a quiet look
waiting for the desired attention

yet you know me well
you keep chanting it 
like it's a line from one of the songs 
on your car radio

the tears are not coming out
because soon there's nothing on my mind
I wait the gesture 
I see it through the corner of my eye

turns out there's no one near
you're finally here

23.7.16

Há palavras que não têm nome

As bocas audazes vão tecendo julgamentos enlameados que nada dizem senão amargura. Cifram-se os suplícios interiores, que em fluxos violentos e intermináveis nos cospem na cara as entranhas negras e viscosas de quem sempre deixou muito por dizer. Ou de quem muito disse, mas nunca foi escutado. 
Como sujidade acumulada, ao longo dos anos, na parede de uma casa-de-banho qualquer, gruda-se nas peles dos que ali são massacrados. Inevitavelmente se tolera a agonia de cada estalo que a matéria teima em consagrar. A fuga é única e limitada. Dói mais do que aguardar pelo tão desejado final provisório, este que trará alguma paz a dois corpos desfeitos, exaustos por uma ação reforçada pela passagem inexorável do tempo. 
Dir-se-ia que o tempo não joga a favor dos fracos; mas os fracos que vão sendo apanhados nesta teia caótica de intuição ilusória de nada mais precisam que não seja o tempo. As horas e os dias que removem, com cautela e atenção, tudo o que neles permaneceu: que lhes cobre a pele e os mais estreitos fios de cabelo; o que os impede de respirar como antes o faziam; o que lhes atrapalha a visão e a clareza da mente. 
Querem voltar a ver-se ao espelho, sem que o ato lhes traga recordações de um passado recheado das palavras que não têm nome. Atiradas ao ar por entre respirações ofegantes e olhares intensos, são apagadas do que outrora lhes marcava a face e o território. 
Entretanto, por debaixo, a massa obscura cobre-lhes os ossos e reveste-lhes os tecidos mais profundos, até que tudo se torne num só. Agora, faz parte deles. Concretiza o ciclo do despeito, do medo, da implacável vivência atormentada de dois seres que se reconhecem pelo que difundiram entre si nos momentos de fraqueza.
É que o tempo, ao contrário das palavras, ainda não os alcançou.